(Atenção: contém spoilers dos livros A Comissão Chapeleira e A Arma Escarlate)
Mais um ano na vida de Hugo, o jovem carioca que da favela foi parar em uma escola de magia e bruxaria, onde aprendeu sobre magia, amizade, amor e companheirismo. Mas o caminho não foi nem um pouco fácil, em parte por causa das circunstâncias, em parte por causa dele que agindo de forma conscientemente errada acabou causando os cenários negativos em que se encontrou.
Apesar de poderem respirar aliviados por não terem mais que se preocupar com a Comissão Chapeleira, os Pixies ainda estão tendo que lidar com os terríveis acontecimentos do último ano. Especialmente Capí, o garoto com alma de anjo, traumatizado pelas torturas que sofreu.
Todos estão tentando ser fortes, mas vez ou outra o limite deles não permite. Que o diga o professor Atlas. Enquanto isso, o tenebroso Mefisto Brofonte, e o insano e vingativo saci Peteca, como assombrações, preocupam Hugo.
Hugo que, mesmo pisando na bola terrivelmente, está muito melhor. Mais maduro, sábio, equilibrado. Desde o início ele sabia do peso de suas ações. E agora ele não só não quer voltar a cometer erros, como quer fazer mais do que isso. E neste livro ele dará tudo de si e mais se for preciso.
Mas eu tenho que admitir que gostei menos desse do que dos dois primeiros livros da saga. Mas diria isso não por causa de seu conteúdo. A maneira como Renata Ventura retrata seus personagens e as consequências das ações de A Comissão Chapeleira é formidável e, se no segundo livro nos encantamos com a escola de bruxaria do Nordeste, na Bahia, a escola do Norte, é deslumbrante.
Mas então por que eu gostei menos desse, mesmo tendo rasgado elogios? Eu não parava de ler, é verdade. Acontece que o considero assim por sua estrutura. Os dois primeiros livros, apesar de terem pontas soltas para continuações, possuem começo, meio e fim. O que eu li foi a parte 1, ora. O final não conclui a “aventura” que estabeleceu. Ela só será concluída, quem sabe, no próximo livro, quando teremos a parte 2.
Eu tenho ciência de que isso provavelmente foi necessário porque o livro já estava bem longo (George R. R. Martin fez isso em As Crônicas de Gelo e Fogo), mas achei que era algo a se considerar.
De qualquer forma, estou ansioso pelo próximo livro da série.
Colunista: Walter Niyama é estudante de Jornalismo pela ESPM-SP. Já participou de diversas antologias e é autor de três livros publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; e Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.