Um livro que me deixou mal e refletindo sobre como uma coisa horrível, repugnante, que torcemos para que nunca aconteça conosco ou com pessoas que amamos, está aí agora, acontecendo todos os dias com pessoas indefesas.
Esse é o livro “Um dia de cada vez” da autora americana Courtney C. Stevens. Seu currículo incluí “professora adjunta” e “portadora da Tocha Olímpica” e este foi seu primeiro romance. E que estreia no mundo literário.
Em seu romance conhecemos Alexi Litrell, uma jovem adolescente que se por fora parece feliz e sem nenhum motivo para reclamar da vida, por dentro ela sofre por algo que aconteceu com ela. Algo do qual ela sente vergonha e nojo.
Mas, para seu conforto, ela tem Bodee Lennox, um garoto que teve a mãe assassinada pelo pai e por causa disso passa a viver com a família de Alexi. E assim os dois criam uma relação em que um ajuda o outro.
Para mim é claro o intuito que a autora teve não de usar traumas e transtornos como um mero recurso narrativo, algo que cada vez mais é criticado, mas como uma forma de denunciar como pessoas, mais especificamente jovens, podem estar passando por mil e um problemas e que se não receberem ajuda, pode ser tarde demais. Isso fica evidente em sua nota ao leitor.
Isso claro, de maneira delicada, bem construída e respeitosa.
Há ainda o clássico romance clichê adolescente entre a menina e o garoto desajustado, mas é bem-feito, bem-construído e certamente muitas pessoas poderão apreciá-lo, mesmo tendo consciência de ser um clichê.
Não há como falar muito mais sobre “Um dia de cada vez” sem entregar parte crucial do enredo, mas eu termino dizendo que o título, quando mais refletimos sobre ele, mais faz sentido. Uma leitura muito recomendada.
Colunista: Walter Niyama é formado em Jornalismo pela ESPM-SP e já trabalhou no Diário do Centro do Mundo. Atualmente toca o site Converge Jornalismo e possui três romances publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; e Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.