Muitas pessoas veem o xadrez como um jogo difícil ou mesmo chato. De fato, ao contrário de jogos de tabuleiros mais populares, nele somente duas pessoas podem jogar e ainda precisam estar em silêncio. Ele exige foco e concentração, mas mais do que isso, para se tornar um profissional, é preciso saber estratégias, antever o movimento do adversário e pensar nos futuros movimentos.
Talvez um dos grandes méritos de O Gambito da Rainha seja tornar o xadrez algo tão atraente, muito graças direção de Scott Frank, mas também pela atuação de Anya Taylor-Joy, que dá a vida a protagonista Beth Harmon.
Mas mais do que xadrez, a história da mini-série da Netflix se trata sobre superação, não apenas do oponente, mas também de traumas e vícios e das personagens em si como pessoas.
Aliás, um grande destaque da produção são seus atores, não apenas Anya, que já mostrou-se talentosa no filme de terror A Bruxa (2015), mas também Thomas Brodie-Sangster (Game of Thrones), Harry Melling (Harry Potter) Bill Camp (The Outsider), e todos os outros executam bem seus papéis, o que faz com que nos importemos mais com os personagens e também com a história que nos é mostrada.
Claro, a mini-série também aborda o machismo, seja no xadrez ou no dia a dia das mulheres, o que fica mais evidente ainda na produção que se passa nos anos 1960 e nos faz refletir o quanto que evoluimos como sociedade desde então.
Jogadoras profissionais de xadrez inclusive disseram em entrevistas que o machismo mostrado na obra é pouco comparado ao da vida real nas grandes competições. O que é de fato, algo relevante se queremos discutir esse assunto, não apenas no xadrez, mas também em outros aspectos de nossas vidas.
Visualmente falando, a série é impecável e muito linda, direção, figurinos e cenários, que se mostram um pouco deficientes quando saímos dos EUA e vamos para o México ou para a União Soviética, mas nada que atrapalhe ou prejudique.
E apesar de no final ficarmos com gosto de “quero mais”, ela encerra do jeito certo no momento certo tal qual um xeque-matte bem executado.