Cinema

Hereditário (Ari Aster, 2018)

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Hereditário é daqueles filmes que vão ficar na sua mente te perturbando por algum tempo. Ele vai te fazer sentir arrepios, desconforto e medo… muito medo!

Esse é, também, um filme sobre luto. É sobre perder alguém e não saber lidar com isso, é sobre segredos em família.

Antes mesmo de ver esse filme, eu já ouvia alguns comentários e um deles era que este era “O Exorcista” dessa geração. Pensei: “- Caramba, deve ser intenso!”.

No final (sem spoilers) me dei conta do quão intenso é… Confesso que me peguei de boca aberta e até um pouco trêmula.

Hereditário foge do clichê da maioria dos filmes atuais, nos quais a maior parte deles se sustentam no chamado jumpscare, que nada mais é que o famigerado susto atrás de susto. Estamos falando de um terror psicológico, que foi pensado para te deixar desconfortável ao máximo. Ele vai te levar a um extremo desconforto e te deixar lá ao ponto de você perder o fôlego.

Seguindo a linha do terror psicológico, não é um filme que te colocará cara a cara com algum ser sobrenatural ou um assassino psicopata cercando os personagens. É um filme bem cotidiano. Temos uma família reagindo ao luto de uma matriarca com histórico de doenças mentais, uma família que vive sua rotina monótona, mas que no decorrer do filme somos apresentados a pequenos detalhes bizarros que te deixarão atento.

Anne Graham (Toni Collette) está lidando com a morte da mãe como pode, mas é uma mulher cheia de amargura e ressentimentos passados. Ela se pergunta se realmente conhecia a mãe, que era uma mulher cheia de segredos.  Sua filha, Charlie (Milly Shapiro), também sofre a perda, pois era muito apegada a avó e se sente deixada sozinha. O papel do pai, Steve Graham (Gabriel Byrne), é como se fosse a cola de sanidade que une a família e isso fica muito evidente com o passar do filme. Ele não tem um papel principal, mas ele vai te dar o tom do que é loucura e sanidade. Através dele vamos ver a evolução da nuvem de loucura e pensamentos sombrios que cai sobre a família. O filho mais velho de Annie, Peter Graham (Alex Wolff) está completamente perdido a maior parte do filme. Ele passa a ser um expectador da própria vida.

Na direção, Ari Aster em nenhum momento duvida da inteligência do espectador, não se utiliza de efeitos especiais que hoje em dia facilmente carregam filmes de terror, tão pouco se utiliza de uma trilha sonora crescente em momentos de terror para preencher o fundo da cena. Ele sabe exatamente onde usar a trilha e onde ficar em silêncio. O que me atraiu bastante durante o filme foi o uso de muito plano central, e o plano central te obriga a olhar tudo que está ao redor, justamente por que você quer entender a cena como um todo.

Algumas cenas te chocam tanto que não precisa de mais nada ali. Quando o terror visual finalmente aparece, ele não se perde no roteiro e você já está tão aterrorizado que só consegue acompanhar a sequência de cenas de boca aberta.

Destaco aqui a atuação de Toni Collette (Annie), absolutamente visceral. Quando ela chora de desespero, você sente aquilo tão forte dentro de você que dá vontade de chorar junto. Quando ela grita descontrolada, você se pega prendendo a respiração e quando ela está apática, você sente pena. Ela sabe te levar junto durante o filme todo!

Algumas coisas nesse filme vão ficar subentendidas e você vai precisar ligar alguns pontos.

No final, talvez mais de uma teoria saia dessa experiencia, mas com certeza você vai ficar bastante pensativo. Eu, como uma pessoa que acompanha muitos filmes do gênero de terror/suspense, fiquei realmente abalada e algumas imagens do filme ainda ficaram na cabeça. Considero esse filme um divisor de águas para o gênero, que hoje em dia está tão previsível.

E vocês, acham que o filme é tudo que a crítica diz ou superestimado? Deixe sua opinião, vamos bater um papo!

 

Sinopse: Após a morte da reclusa avó, a família Graham começa a desvendar algumas coisas. Mesmo após a partida da matriarca, ela permanece como se fosse um sombra sobre a família, especialmente sobre a solitária neta adolescente, Charlie, por quem ela sempre manteve uma fascinação não usual. Com um crescente terror tomando conta da casa, a família explora lugares mais escuros para escapar do infeliz destino que herdaram.

Ficha Tecnica: 

Título original: Hereditary
Distribuidor: Diamond Films
Ano de produção: 2018
Diretor: Ari Aster

 

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