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Os Meninos da Rua Paulo – Companheirismo que transcende gerações

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O livro do jornalista húngaro Ferenc Molnár, Os Meninos da Rua Paulo, de 1907, é considerado o mais famoso livro da Hungria, tendo sido lido em várias partes do mundo e recebido diversas adaptações teatrais, incluindo aqui no Brasil, numa produção que contou com Selton Mello, Oberdam Junior e Marcelo Serrado e um dos grandes motivos disso é como a história de jovens garotos em uma Budapeste de 1889 consegue ser um reflexo para vários grupos de amigos em qualquer parte do mundo ou época, ou assim costumava ser. 

A história é um clássico, mas possui uma leitura fácil e provavelmente quem não gosta muito de leitura irá no mínimo simpatizar mais com “Os Meninos da Rua Paulo” do que com “Viagens Na Minha Terra”, sem querer desmerecer a escrita de Almeida Garrett, longe disso. O maior obstáculo talvez sejam os nomes dos personagens, húngaros, mas nada que fãs de anime e mangá já não estejam acostumados a enfrentar com obras de culturas diferentes. 

O enredo se trata de um grupo de garotos que após a escola se reuni em um terreno baldio, o grund, e lá eles passam o tempo, jogam futebol, brincam, organizam-se numa espécie de clubinho, mas que para eles é mais como uma sociedade paralela a que eles estão inseridos e que é cria dos adultos, a qual eles batizam de Sociedade Secreta do Belume. Porém, esse grupo de amigos, liderado pelo bravo e destemido João Boka, terá que enfrentar os Camisas Vermelhas, também um grupo de jovens que se reúnem numa pequena ilha do Jardim Botânico da cidade, mas que não estão contentes com o espaço restrito e, liderados pelo temido Chico Ata, pretendem tomar o grund para eles. 

Ferenc Molnár escreveu o livro em um contexto acostumado com guerras e conquista de territórios, mas o que mais se destaca em sua obra é o retrato simples, porém bastante completo da juventude, da amizade, do companheirismo, e com o decorrer da história ainda mostra a passagem para a fase adulta, de crescimento e o que vem junto com isso. 

Muitos que lerem “Os Meninos da Rua Paulo” irão se identificar com as personagens não só pelos elementos já citados como também pela memória de brincar com os amigos na rua, fosse futebol ou alguma outra coisa, brincar na praça ou no pátio de algum lugar que fosse só o espaço deles, além é claro da rivalidade com a turma da outra rua ou do outro bairro, algo que já vimos na ficção.

Mas “Os Meninos da Rua Paulo” se tornou um clássico por motivos que vão além da identificação que causa com seus leitores e com certeza continuará a ser lido, debatido e os leitores desta obra poderão ficar contentes de terem acompanhado a Sociedade Secreta do Belume. 

Colunista: Walter Niyama é estudante de Jornalismo pela ESPM, autor publicado de dois livros: “O Mistério dos Suicidas” e “Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos”.

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