Depois de um ano extremamente conturbado, aprendizado e culpa, nos reencontramos com Hugo, o bruxinho carioca. Ele passou as férias com os Pixies, o grupo de rebeldes e estudiosos do Korkovado, a escola bruxa do Rio de Janeiro, e também os melhores amigos dele.
Mesmo tendo uma relação não muito amistosa com Índio. Apesar de sua arrogância, Hugo conhece seus defeitos e sabe o peso de suas escolhas erradas. Ele quer apenas se redimir.
Mas é época de eleição no mundo bruxo brasileiro e uma reviravolta inesperada muda tudo. De volta às aulas, o jovem bruxo de origem humilde e seus amigos presenciam a escola ser invadida pela Comissão Chapeleira, uma comissão mandada pelos políticos do mundo da magia do Brasil para colocar as coisas em ordem e na linha por ali.
É claro que os Pixies, liderados por Viny, não iriam simplesmente engolir isso. Mesmo que ficassem um pouco intimidados pelo assustador e inteligente Alto Comissário. Mas logo, estudantes e professores irão perceber, de forma bem rápida, que a situação é muito mais grave do que poderiam imaginar.
Uma das coisas que se destacou no primeiro volume, A Arma Escarlate, foi o tom de denúncia e de expor as particularidades do Brasil, tanto as boas como o folclore e a cultura, quanto as ruins, como o abuso das forças policiais nas favelas, os traficantes, o vício em cocaína, a desigualdade social e o que ela gera, o espírito de vira-lata, tudo isso está presente em A Comissão Chapeleira, mas agora o foco é política. Mais do que política, a história pega muitos elementos da Ditadura Militar e os incorpora no mundo bruxo brasileiro.
A maneira como isso é feito é visceral. A autora Renata Ventura tem uma ótima combinação de detalhe e dinamismo, o que cria uma narrativa bastante rica e que não cansa, pelo contrário, nos estimula a ler mais e mais para saber o que vai acontecer. E se o primeiro livro já me fez querer chorar, esse então tem vários socos, um mais forte do que o outro e que vem em intervalos para que nos recuperemos um pouco para apanhar mais depois.
Uma coisa que eu não gostei é que em um momento o livro cai para uma parte bem fanfic mesmo. É uma parte pequena que dura menos que um capítulo. Eu não gostei muito, para mim me tirou um pouco do mundo criado ali, mas sei que muitos fãs de Harry Potter, saga na qual a autora abertamente se inspirou, gostaram, então talvez você também goste.
Enfim, A Comissão Chapeleira é uma história incrível que você precisa ler, depois de ler A Arma Escarlate, é claro.
Colunista: Walter Niyama é estudante de Jornalismo pela ESPM e autor de três livros publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.