Neil Gaiman tem características fortes em seus trabalhos como o tratamento com a fantasia, mitos, lendas e uma de suas obras que serve de prova disso é ‘Deuses Americanos’. No livro temos um retrato do que são os deuses antigos hoje e quem são os nossos deuses atuais, mesmo que não os entendamos assim. Mas nós com certeza temos a plena certeza de que eles existem.
O livro narra à história de Shadow, um ex-prisioneiro que descobre que sua esposa morreu e sem saber o que fazer decide trabalhar para o senhor Wednesday, um estranho idoso que aparece para ele bem quando ele sai da prisão e lhe dá uma oferta de emprego suspeita, mas ao mesmo tempo intrigante e que Shadow acaba aceitando. Mal sabia ele que acabaria entrando para uma jornada pelos Estados Unidos conhecendo novos lugares, pessoas e coisas que acreditava serem impossíveis.
E nessa jornada pelos Estados Unidos por estradas e cidadezinhas ele conhecera pessoas que não passam de pessoas e pessoas que são mais do que aparentam ser, ou que nós preferimos ignorar o que realmente são.
Deuses Americanos aborda de forma encantadora e inteligente religiões e folclores que vão desde o hindu até o celta e nos faz sentir senão empatia, ao menos simpatia por seus personagens, como é o normal da escrita de Gaiman. Mas há algumas diferenças com relação a seus outros escritos, a leitura é mais pesada, nem tão dinâmica, mas mesmo assim envolve o leitor nesse mundo.
Se eu pudesse definir ‘Deuses Americanos’ para alguém que desconheça completamente a história, diria que é um ‘Percy Jackson’ para pessoas mais velhas por toda a sua temática e tato. O livro de Gaiman é sem dúvida mais denso e sombrio e mesmo assim ainda encontra espaço para humor, do mesmo jeito que as pessoas buscam por algum motivo de risadas em meio a tempos sombrios.
No decorrer das páginas ainda nos deparamos com pequenos contos separados na edição da editora Intrínseca, mas que se passam ainda nesse universo de deuses, espíritos e entidades, agregando qualidade e profundidade ao livro. Vale notar como a inserção de tais contos não atrapalha o ritmo da história principal que é lento, mas não entediante.
O livro foi publicado em 2001 tendo ganhado logo no ano seguinte os prêmios Nebula e o Hugo, ambos na categoria romance. Em 2011 recebeu uma versão intitulada como a preferida do autor. Em 2014 foi anunciada pelo canal Starz a adaptação da obra para uma série na Amazon que estreou este ano a segunda temporada. Os Deuses estão com tudo.