O estúdio Ghibli é famoso por suas animações que evocam beleza e personagens bastante humanos, além de tocar em temas como natureza, espiritualidade, relacionamentos, modernidade, etc. Mas você sabia que alguns dos filmes foram baseados em livros que já existiam?
Claro, podemos ver muitos elementos dos escritos de Júlio Verne em O Castelo Voador e também de Alice no País das Maravilhas no clássico Meu Amigo Totoro. Mas no caso de hoje estou falando de romances mesmo, cujos títulos inclusive são os nomes das obras cinematográficas resultantes.
Veja a lista a seguir:
O Serviço de Entregas da Kiki (Eiko Kadono)
O Serviço de Entregas da Kiki é um dos filmes mais importantes do estúdio Ghibli. Dirigido por Hayao Miyazaki, esse foi o quarto longa produzido pela companhia e o primeiro sucesso comercial, chamando de vez a atenção do público fora do Japão para eles.
As coisas não foram totalmente tranquilas na produção, já que Kadono e Miyazaki tinham divergências artísticas de como contar a história na tela grande, mas após a autora visitar o estúdio e vê como estava sendo o andamento da produção, ambas as partes entraram em acordo.
Contos de Terramar/ A Wizard of Earthsea (Ursula K. Le Guin)
Contos de Terramar foi lançado em 2006 e foi dirigido por ninguém menos que Goro Miyazaki, filho do já então prestigiado e conhecido diretor Hayao Miyazaki. Para fazer o filme, Goro se baseou nos quatro primeiros volumes da saga A Wizard of Earthsea, da premiada autora Ursura K. Le Guin que, em 2016 quando ainda era viva foi intitulada pelo New York Times como “A maior escritora viva de ficção científica dos Estados Unidos”.
Le Guing chegou a dizer que Contos de Terramar é um bom filme, mas que descaracterizou muitas coisas do livro. Ademais, as críticas ao filme foram mistas, assim como a recepção do público para com a obra.
O Castelo Animado (Diana Wynne Jones)
Um dos mais famosos filmes do estúdio Ghibli e do diretor Miyazaki, O Castelo Animado, lançado em 2004 e que conta a história da jovem amaldiçoada por uma bruxa que a transforma em uma idosa. Procurando uma maneira de quebrar o encanto, ela acaba indo parar no castelo do feiticeiro Howl.
O Castelo Animado originalmente é o primeiro de uma trilogia de livros de Diana Wynne Jones, famosa escritora britânica de fantasia. De fato, há influência da vida da autora na obra. Além disso, Jones já era fã do trabalho de Miyazaki desde O Castelo Voador.
Apesar de terem tido uma pequena divergência para narrar a história, eles entraram em acordo. Jones inclusive contou em entrevista com muito carinho como foi a vez em que os dois se conheceram pela primeira vez, quando ele a visitou em Bristol.
O Mundo dos Pequeninos/ The Borrrowers (Mary Norton)
Lançado em 2010 foi lançado O Mundo dos Pequeninos, cerca de 13 anos depois do live-action com John Goodman e Tom Felton. O filme foi dirigido por Hiromasa Yonebayashi. Os dois longas foram baseados na obra The Borrowers da escritora de livros infanto-juvenis Mary Norton, que narra a vida de Arrietty Clock e sua família como os pequeninos, seres humanos minúsculos que vivem escondidos nas casas das pessoas.
Mary Norton morreu ainda em 1992. Mas, falando por mim, eu acho que ela teria gostado da obra do estúdio Ghibli. É uma das minhas favoritas, embora pouco lembrada.
As Memórias de Marnie (Joan G. Robinson)
Último filme lançado pelo estúdio Ghibli, As Memórias de Marnie foi lançado em 2014, um ano após o último filme de Miyazaki (Vidas ao Vento) e do diretor Isao Takahata (O Conto da Princesa Kaguya). A obra é inspirada no livro When Marnie Was There da escritora Joan G. Robinson, autora e ilustradora de livros infantis.
Ela publicou When Marnie Was There em 1967. A história conta a vida de uma garota que cada vez mais se torna isolada e sozinha, por conta da asma, é mandada para passar uns tempos no campo. Lá, ela conhece uma garota chamada Marnie que misteriosamente aparece para ela e logo uma grande amizade surge. Robinson morreu em 1988.
Túmulo dos Vagalumes (Akiyuki Nosaka)
Talvez o filme mais triste do estúdio, e tido por muitos que o assistiram como o mais desolador que já viram, Túmulo dos Vagalumes foi inspirado na obra homônima de Akiyuki Nosaka, premiado cantor e escritor falecido em 2015.
Nosaka durante a Segunda Guerra perdeu a mãe e os pais adotivos nos bombardeiros ocorridos ao Japão durante o conflito. Uma de suas irmãs morreu de desnutrição em decorrência da crise pela qual o país passava. Tudo isso o influenciou para escrever o romance Túmulo dos Vagalumes, lançado em 1967. Inclusive, o escrito seria ainda um pedido de desculpas para a irmã.
O diretor do filme, Isao Takahata, também presenciou os horrores da guerra no período. Outra fonte para o filme, além das experiências de vida deles, foi a fotografia tirada por Joe O’ Donnell que mostra um menino após o término da guerra levando seu irmão mais novo morto para ser cremado.
Colunista: Walter Niyama é formado em Jornalismo pela ESPM-SP e já trabalhou no Diário do Centro do Mundo. Atualmente toca o site Converge Jornalismo e possui três romances publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; e Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.