Walter Niyama
Um livro que eu posso chamar de genuíno sem medo de errar é “Amanhã, Numa Boa”. Genuíno em que sentido? No sentido de não tentar ser algo que não é, ou melhor, é um produto cuja história e enredo, a meu ver, refletem os pensamentos e sentimentos de sua jovem autora, Faïza Guène, que o escreveu quando tinha apenas 15 anos.
Bom, mas sobre o que se trata o livro? É a história da jovem Doria, uma garota que é filha de imigrantes marroquinos e mora nos subúrbios de Paris, numa parte que não nos lembra do glamour pelo qual a Cidade Luz é conhecida.
Doria tem os típicos problemas de adolescente, como relações familiares, amizades, crescer, etc. Além é claro, do contraste entre as culturas, a parisiense, a marroquina, e o fato de que seu pai a abandonou, voltou para o Marrocos para se casar com uma mulher que pudesse lhe dar um filho. Assim sendo, moram apenas ela e sua mãe num humilde apartamento, sobrevivendo com o auxílio social.
Eu precisei ler esse livro na escola. Minha escola escolhia um tema, fazia uma lista com os livros que encaixassem nesse tema, e então tínhamos que ler no mínimo três obras que estivessem ali. O tema era amadurecimento, creio eu. Ou então culturas diferentes. Ou os dois, afinal, essa história trata das duas coisas.
Por meio de Doria conhecemos mais sobre a vida de jovens como ela, filha de imigrantes na Europa. Além é claro, o livro reflete sobre a adolescência. Tudo com uma pitada de humor irônico muito bem vinda.
Eu escolhi esse livro principalmente pelo fato dele ser extremamente fino, pequeno, mas ele me ensinou que em poucas páginas é possível contar uma história marcante e, como disse no início, genuína. É uma ótima dica. Fez bastante sucesso na época que foi lançado. E chegou até o Brasil ainda por cima. É uma leitura que sem sombra de dúvida vale a pena.
Colunista: Walter Niyama é estudante de Jornalismo pela ESPM-SP. É autor de três livros; O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; e Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.